sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Sensação 3

Voltei a esquina dos meus pensamentos… vi-me aí sentado entre os demais que da minha vida fazem parte. Os nossos olhares se cruzavam e nenhum som saia das nossas bocas. O silêncio já fazia parte do dia a dia. Por mais que quiséssemos nenhum som feria o ar, vibrando as nossas emoções contidas. E assim ali continuávamos. Aprendemos a ler nos olhares as alegrias e as angústias do quotidiano. As vezes nos encarávamos e dos olhos saíam chispas para logo serenarem. O diálogo continua…e então desci ao poço das minhas reflexões, ali…vi-me em duplicado…triplicado…quadruplicado e mais e mais vezes “plicado”. Dirigia-me a um eu e me esbarrava no silêncio, me cansava de questionar naquela mudez quais as razões daquela personalidade múltipla que se repetia como que à frente de espelhos frontais … paralelos. Só os olhares mudam. Num via um olhar de revolta…noutro um olhar sereno, enquanto noutros vislumbrava-se indiferença…esperança, amor, e até alegria. OIÇO AO FUNDO UMA GARGALHADA!!!! Algo quebrou o silêncio…e então volto a cabeça num gesto de quem foi surpreendido num momento de intimidade com o EU e lá estava o outro eu gargalhando e gesticulando como se não fizesse parte dessa família… desse meu mundo. Depois, mirou-me nos olhos e desapareceu misteriosamente, como que evaporado pelo cansaço de impor no silêncio uma gargalhada.