Memórias. As tardes e noites de Mindelo eram cheias de música nas zonas periféricas. Era só alguém aparecer com um violão para se iniciar a tocatina, pois outros iam buscar os seus instrumentos e ao ar livre num ambiente onde toda a gente denotava alegria e boa disposição as Mornas e Coladeiras desfilavam. Cada um cantava uma música e todos faziam coro. Eu apreciava imenso esses momentos e principalmente os gestos de um dos cantores quando já ia na última estrofe da morna (na cauda d'um morna). Parecia que entrava em transe e a sua linda voz se elevava para depois baixar quase num sussurro. Os aplausos aconteciam e o grogue e ponche circulava entre os tocadores e público. Assim iam as noites.
"Na cauda d'um morna" de João da Graça. Óleo, 130x97cm, ano 2003.
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